Mais um sobre referendo...

Não foi somente no Brasil que pesquisas anteriores a um referendo divulgaram resultados que não foram os efetivamente observados na prática. Segundo reportagem do Instituto Brasileiro Giovanni Falcone, um referendo sobre a legalização da maconha, realizado em Denver, sofreu uma reviravolta e definiu (com 54% dos votos) que não estarão cometendo crime, as pessoas que portarem determinada quantidade da substância para consumo próprio. O máximo permitido: 28 gramas, que equivale a um onça.

A mesma notícia afirma que, na Alemanha, a maconha e o haxixe foram liberados (10 gramas) para venda, seja para fins recreativos ou medicinais. Medicinais??? Isso mesmo! Alguns estudos realizados demonstram que a substância está sendo usada para combater a anorexia, obesidade, entre outras. De acordo com o portal Terra, na Catalunha, por exemplo, cerca de 600 pessoas, que têm doenças do sistema nervoso, esclerose múltipla, câncer ou aids, serão tratadas com maconha dentro de um programa médico pioneiro na Espanha.

Além dos impactos diretos no setor, a legalização da substância impulsiona outros setores paralelos. Estas indústrias vão desde produtores de do papel gomado usado para a confecção do cigarro até lanchonetes e padarias que possuem serviço de “delivery”. Isso ocorreria uma vez que o consumo da droga abre o apetite (o fenômeno está sendo estudado pelo cientista Paul Mallet, da Universidade norte-americana de New England).

O objetivo da Alemanha é o mesmo da Holanda e o da Inglaterra: afastar o usuário do traficante, e conseqüentemente, à exposição a drogas mais pesadas. Sob este ângulo, acredito que a medida é eficiente, mas acho que o acesso mais fácil ao produto reduzirá seu preço, o que poderá aumentar o número de consumidores. Isso pode gerar impactos negativos, do lado da sociedade, mas acredito que nulos, no lado dos produtores, já que suas receitas, provavelmente, se manterão constantes. No Marrocos (maior produtor mundial), por exemplo, são empregadas mais de 1 milhão de pessoas e a produção de 3 mil toneladas gera lucros de US$ 10 bilhões anuais. Esses números não deverão sofrer alterações muito significativas...